Em fevereiro de 2012 eu estava colando grau, era mais um na imensidão dos recém formados. E aí veio a questão: e agora? Resolvi então entrar na disputa acirrada do mundo dos concursos. Estabilidade e salários acima da média de mercado foram fatores que me levaram a optar por esse caminho.
Tinha acabado de passar em um processo seletivo do Sebrae, o que me garantiu um contrato de trabalho de 2 anos e com um bom salário para um recém formado. Pensei o seguinte: “Meu contrato finda em 2 anos, então esse é o prazo que tenho para passar em algum concurso”.
Fiz um estudo preliminar de cargos, rotina de cada um e o que mais eu me identificava em cada um deles. Resultado disso, “vou ser policial, é isso que eu quero!”
Defini minha meta, então passei a mirar nos concursos PF e PRF.
Mas aí veio o maior problema: como começar? Por onde começar? Como estudar pra concurso?
Eu nunca havia estudado para concurso, passei a graduação preso ao mundo acadêmico, nem cogitava concursos nessa época. Conversei com vários concurseiros e a impressão que tive foi que concurso era algo muito difícil, quase impossível, que você tem que contar com a sorte!
Aí vem a primeira lição que aprendi no mundo dos concursos: poupe seus ouvidos, filtre o máximo, não entre em pânico com falácias de terroristas.
Muitas pessoas acham que contando inverdades, alimentando boatos, farão você desistir. Eles acham que você é concorrente deles, quando na verdade nosso maior concorrente somos nós mesmos.
Bom…após esse terror inicial, continuei na luta introdutória no mundo dos concursos. Tudo era novo, matérias novas etc. Cometi vários erros, que acho que todos cometem no início: comprei material errado, me matriculei em cursos “fracos”, estudei por métodos errados, me cerquei de pessoas com focos diferentes.
Embora tenha perdido tempo e dinheiro, passar por isso foi necessário para encontrar meu caminho e reorientar meus estudos. Aí vem a segunda lição que aprendi: cerque-se de pessoas que buscam os mesmos objetivos, que tem o mesmo foco.
Nessa jornada você encontra muitos terroristas, mas também encontra pessoas fascinantes, muitas delas se tornarão amigos para uma vida inteira.
Decidi então me cercar de gente com o mesmo foco, das pessoas que conheci em cursos presenciais e online, isso resultou na criação de um grupo de estudo online, com regras rígidas e bem definidas, com distribuição de tarefas diárias para cada membro. O nome de batismo do grupo era “Dúvidas de Concurso”, quem não participava com frequência das atividades era excluído, só queríamos quem estivesse no mesmo ritmo.
Ao mesmo tempo acabei conhecendo o livro do Alexandre Meireles, onde ele fala sobre métodos de estudo e organização de cronogramas. Isso foi revolucionário para meus estudos, pois corrigi vários erros no meu modo de estudar, conseguir impor um ritmo de estudos melhor, com mais qualidade e seguindo um cronograma.
Finalmente eu começava a me encontrar no mundo dos concursos. Estava com pessoas focadas, seguindo um método de estudos correto e entendendo o “modus operandis” de um concurso policial.
No nosso grupo de estudos todos estavam focados nos concursos da PF e PRF. Mas não negligenciávamos os demais concursos policiais. Todos os concursos da área policial que fossem realizados pela banca CESPE, nós buscávamos as provas, até mesmo fazíamos a inscrição, objetivando uma preparação de fato para os concursos que mais queríamos: PF e PRF.
É importante lembrar que dentro da nossa rotina de estudos, também havia espaço para uma rotina de treinos físicos. Deixar para treinar para o TAF após o resultado do concurso é um erro fatal. Concurseiro da área policial tem obrigação de já vir treinando ao mesmo tempo que estuda. Além de já está se preparando para os testes, é muito bom para aliviar a tensão e o stress do dia a dia de estudos.
Eu sempre fazia uma atividade física de segunda a sábado, entre corrida e natação. Nos dias de corrida aproveitava também para fazer barras, saltar etc. Uma ou duas vezes por mês eu reunia os amigos da minha cidade que estavam no grupo de estudos e realizávamos um simulado do TAF para ter uma noção da nossa preparação.
Até aí tudo caminhava aparentemente bem, mas eu ainda não me sentia 100% preparado. Achava que faltava algo para dar um “up” na preparação.
Em um determinado dia, lendo depoimentos de aprovados no concurso de Agente da PF de 2012, me deparei com um depoimento do APF Facco no site sagapolicial.com
Lá ele falava de um grupo de simulados que foi um divisor de aguas na sua preparação, esse grupo era o Missão Papa Fox dos Projetos Missão.
De fato, embora eu estivesse resolvendo bastante exercícios e provas do CESPE, eu ainda não havia feito simulados voltados para as provas da PF e PRF. Decidi então correr atrás desse grupo e fazer parte dele.
Para minha sorte consegui entrar no grupo, na época os simulados eram apenas para a PF, ainda não havia para a PRF. Hoje para a sorte de todos já existe o Missão PF e PRF.
Recebi então o primeiro simulado, fui fazer confiante, já que estava estudando por um método de estudos adequado e estava em um bom ritmo de estudos.
Para minha surpresa, não me saí tão bem quanto eu esperava. O que foi muito bom. Após receber o boletim das provas, vi quais matérias eu estava bem e quais eu precisava melhorar.
Passei então após esse simulado a reorientar meus estudos. Diminuí a carga horaria daquelas disciplinas que estava bem e aumentei aquelas que estava ruim. Ao passo que fui resolvendo mais e mais simulados, os resultados foram aparecendo, minhas notas foram melhorando e foram se mantendo em uma constante.
A minha rotina de estudos era baseada em exercícios, após a fase que dominei o edital, passei a estudar 3 disciplinas por dia, dedicando 80% do tempo para resolução de exercícios e os 20% para teoria, buscando sanar as dúvidas em questões que ainda batia na trave.
Minha rotina na época era trabalhar pela manhã, estudar pela tarde, treinar ao final do dia, voltar para casa e estudar novamente. Isso de segunda a sábado. Deixava o domingo para descansar a mente.
O engraçado disso tudo é que embora o domingo fosse de descanso, eu passava o dia pensando em exercícios kkkkk, você passa a respirar o concurso, o que eu acho fundamental. Lógico que cada um tem seu método e que dá certo, mas esse é um relato do meu.
Já chegava no final de 2012 desde o início do primeiro passo rumo à aprovação e os boatos sobre um concurso para PF e PRF começavam a rolar. A ansiedade começou a bater e a hora da verdade estava chegando. Nesse caminho muita coisa mudou: fiquei em off da vida social, deixei de sair com os amigos para shows, churrasco, cervejinha fds etc. Mas precisava realmente disso? Bom…essa resposta é bem particular.
Eu tinha um objetivo e tinha prazo para alcança-lo, que era até o termino do meu contrato. Mas eu sabia que tudo isso era passageiro e que cada esforço valeria a pena. Os amigos nem sempre entendem, mas cada um sabe da sua necessidade e a minha era urgente. Quando eu passasse tudo ficaria bem hehehe.
2013 chegou, com o boato de abertura do edital, o ritmo de estudos e treinos ficaram mais intensos. Os simulados do Missão estavam cada vez mais dinâmicos e atualizados, o que nos deixava mais aptos para o combate.
Chegou então o grande dia, saiu o edital da PF e logo em seguida saiu o edital da PRF.
Com as novidades que o edital sempre traz, é necessário fazer aquele ajuste nos estudos, incluir o que não tinha e deletar o que saiu. Como eu já havia estudado o último edital de cabo a rabo, o novo edital não me trouxe prejuízos.
O Missão Papa Fox logo ajustou o conteúdo, a luta agora se tornava cada vez mais real.
Logo em seguida uma liminar na justiça travou o concurso devido a uma questão dos PNEs. Muita gente ficou desesperada, eu me mantive tranquilo, afinal com essa trava eu teria mais tempo ainda para estudar.
O concurso logo foi retomado, o dia da prova se aproximava e a ansiedade aumentava. Na véspera da prova muita gente diz para não estudar e relaxar, mas eu não consegui kkkkkk estudei até o último minuto, antes mesmo de entrar na prova estava lendo o código de ética do servidor, o que me rendeu 2 questões na prova, pois assim que abri, vi logo duas questões do que eu tinha acabado de estudar kkkk. E aí? Qual a impressão da prova?
Bom…graças a Deus quase tudo que eu estudei estava lá, resolvi a prova exatamente como eu resolvi os simulados do missão. Abri a prova dei uma olhada rápida e fui ver as questões discursivas. Após ver o tema da discursiva voltei para resolver as questões, iniciei seguindo a mesma ordem dos simulados, após acabar a objetiva fiz a discursiva, voltei e dei uma olhada na objetiva e entreguei.
Ao sair da prova você encontra com a galera para comentar. A galera estava muito nervosa, assustada com a discursiva e com a objetiva, tinha gente chorando, gente triste etc. Eu pensei comigo mesmo, “ou eu estou muito ferrado e errei tudo ou me dei bem”, porque eu tinha achado a prova bem dentro do que estudei.
Na semana seguinte veio a prova da PRF, quando abri a prova só faltei chorar de alegria, tudo que estudei estava lá, a discursiva era bastante parecida com a da PF.
Fiz a mesma coisa, seguindo o mesmo roteiro dos simulados. Ao sair da prova aquela mesma história, gente chorando, horrorizada etc. Eu fui logo embora torcendo para que tudo desse certo. Agora era aguardar os gabaritos preliminares.
Quem estuda para concurso do CESPE sabe que gabarito preliminar é igual a pré-infarto. Quase fiquei maluco, questões já marteladas pela banca com gabarito alterado e você fica desesperado. Recurso neles!!!
Após o recurso vem a fase de aguardar os resultados. O CESPE é aquele padrão, antes de ser um centro de seleção, era um centro de terrorismo, pois essa banca sabe aterrorizar.
Chega o dia o resultado, o cara passa o dia dando F5 no notebook, nada do resultado. Quando dá 23:59 do dia, a banca lança um comunicado de adiantamento do resultado PQP ???????????????? É para ficar maluco, certeza que é uma etapa off do teste psicológico.
Enquanto o resultado não sai, não existe vida, você fica pensando 24 horas APENAS nisso, você sonha com o gabarito oficial, sonha com seu nome no DOU.
Esse concurso PF foi uma verdadeira novela mexicana. A banca adiou o resultado duas vezes. O concurseiro já estava na base do tarja preta. Após o adiantamento, no dia provável de sair o resultado, eu resolvi não cair em mais uma pegadinha.
Sinceramente achei que iria adiar mais uma vez. Resolvi dormir. Acordei as 6 da manhã com meu telefone tocando, Felipe, um amigo, me ligava dizendo “parabénsssas FDP você passsouuu porra” (amigo de verdade fala assim).
Eu fiquei sem reação, não sabia se acreditava, se xingava ele pela brincadeira sem graça, se chorava, se olhava o DOU.
Resolvi olhar o DOU. Quando abri e vi meu nome lá PQP, chorei parecendo criança, o resultado de todo o esforço estava ali, a certeza de que seu concorrente é você estava ali, a certeza que Deus abençoa estava ali.
Gritei tanto que em segundos todos os vizinhos do prédio já sabiam kkkkk.
Comecei a procurar o nome dos meus amigos do grupo de estudos no DOU, pqp o nome de todos estava lá, alegria maior impossível. Acho que nunca esquecerei desse dia.
Semana depois saiu o resultado da PRF e lá estava meu nome de novo dentre os aprovados. Gritei, chorei, agradeci a Deus. Estava me sentindo a pessoa mais abençoada do mundo. E os meus amigos do grupo de estudo? Estavam lá, aprovados também hahahaha brocamos!
Em nenhum momento eu achei que não seria aprovado. Soberba? De forma alguma. Eu acreditei no meu sonho, fiz tudo que podia para que ele se concretizasse e acho que – acreditar sempre que daria certo – fez tudo conspirar a favor.
“Eu acreditei no meu sonho, fiz tudo que podia para que ele se concretizasse e acho que – acreditar sempre que daria certo – fez tudo conspirar a favor.”
Nunca, mas nunca deixe de acreditar nos seus objetivos. Jamais deixem que digam que você não pode. Vi muita gente rir quando falei que ia estudar até passar para ser PF/PRF. As dificuldades foram enormes, mas a vontade de vencer era maior que tudo!!!
Graças a Deus estou aqui hoje, como Policial Rodoviário Federal, para mostrar que você também pode e que não há dificuldade maior do que a sua vontade de vencer!
Sucesso a cada um de vocês, PRF Manoel.