Saudações a todos! Me chamo Leandro Miranda, candidato aprovado no concurso de Agente de Polícia Federal de 2018. Todos lembram que fiquei de contar como fechou minha história sobre o concurso de Agente de Polícia Federal.
Na última vez que escrevi, estava treinando para o TAF. Ainda não tinha feito as demais fases do concurso. Na época, falei sobre o problema de saúde de minha mãe, a qual tinha um tumor que aquela altura fora revelado ser benigno.
Graças a Deus, o TAF foi ultrapassado sem problemas. Sempre mantive a parte física em dia, então, mais uma etapa vencida.
Após o TAF, foi a correria de exames médicos, psicotécnico e, por fim, aguardar o resultado. O psicotécnico graças a Deus foi também vencido e só me aguardava saber se haveria alguma pendência nos exames.
Após cumprir todas as etapas, o que me esperava era aguardar. Como já era Policial Civil (nessa época trabalhava na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense – PCERJ), trabalhava normalmente em escala de plantão. Até que no dia 12 de fevereiro de 2019, saiu o resultado dos exames. Eu estava provisoriamente eliminado, por possuir uma redução de espaço discal na L5-S1 (5ª vértebra da lombar e 1ª sacral). Na justificativa, solicitavam exames complementares e uma avaliação de um ortopedista.
Qualquer um se abalaria, correto? Logicamente, eu não estava tranquilo. Mas, como disse no texto anterior, estava encarando tudo como uma jornada em que cada momento era para ser vivenciado com experiência e resiliência. Depois de tudo que passei nos anos anteriores, essa era a maturidade que precisava para seguir em frente. ?
Consegui marcar os exames durante a semana, tinha um prazo curto e consegui marcar com um ortopedista para o dia 21 de fevereiro, sendo que o prazo de envio dos novos exames era apenas 22 e 23 de fevereiro.
Aqui preciso de uma pausa para dizer o que ocorreu em minha vida particular nesse tempo desde meu último texto: a saúde de minha mãe se agravou e ela precisou ser internada diversas vezes. A perna esquerda inchou e ela não andava mais, só ficava sentada o dia inteiro na sala. Passado mais um tempo, ela sentia fortes dores e nem sentada mais ficava. Tinha que ficar deitada o dia inteiro. Perdi as contas de quantas vezes a internamos no hospital nessa época. Meu pai ficava como seu acompanhante, e não me deixava ficar lá com ela, meio que achava que cumpria seu papel de esposo e companheiro e a etapa da guerra era dele. Eu a visitava quase todo dia, já que meu velho não queria abandoná-la. Eu sabia que ele fazia isso pensando que estava me ajudando a manter a cabeça tranquila para fazer os exames médicos e aguardar o psicotécnico. Minha mãe nesse período oscilava entre estar bem e muito mal em frações de dias.
No final do ano, próximo ao natal, a levamos à emergência e o médico deu a sentença: câncer terminal em estado avançado, ocorrendo metástase por vários órgãos e membros, inclusive a perna. Reunimos nossas forças e ficamos sempre juntos nessa época. Mesmo assim, tive o apoio da família enquanto duravam as outras fases.
Eis que voltando ao dia 21 de fevereiro, uma quinta-feira: o dia que me consultaria com o ortopedista para o momento final do concurso. Minha mãe estava internada e a vi na terça-feira. Quinta de manhã acordei cedo para ir visitá-la e, às 07h30min meu irmão atendeu o telefone de casa, me passou e eu, com o coração contrito, ouvi meu pai dizer que minha mãe havia falecido…
Me dirigi ao hospital e me encontrei com meu pai. Não pude vê-la na hora, meu pai, embora duro e forte já apresentava a moleza do coração senil. Eu tentei me manter o mais forte possível para consolá-lo. Ficamos juntos por toda manhã, quando decidi abandonar o concurso. Ora, minha mãe havia descansado no dia que eu ia fazer uma consulta para repescagem no exame médico. Vi ali que minha família era muito importante para mim para abandoná-la. Falei para meu pai que iria largar tudo para que, na hora do reconhecimento do corpo, eu pudesse fazê-lo (queria poupar meu pai desse momento). E se fosse ao médico que eu tinha consulta, meu pai é quem teria que ver e reconhecer formalmente o corpo de minha mãe para a funerária. Meu pai, sóbria e tranquilamente falou que eu deveria continuar, que minha mãe tinha orado muito, torcido e batalhado para que eu tivesse minha vitória. Minha consulta era às 16h e ele marcaria com a funerária para tarde da noite e tudo se resolveria.
Enfim, realizada a consulta, voltei ao hospital e fiz tudo que tinha que fazer no meu suporte à família. Tinha que enviar os exames via upload de arquivos digitais. Salvei todos os exames numa pasta e nomeei-a com o nome de minha mãe (meu verdadeiro anjo protetor). No dia seguinte, “upei” os exames e no dia 23 fizemos o enterro de minha mãe, sabendo que ela torceu a todo momento por mim. Pensava sempre: Já fiz minha parte, o resto será o que Deus determinar…
Naqueles dias, eu me importava muito com minha família, nem pensar mais em concurso eu pensava. Tive a sensação de dever cumprido. O que tinha de ser, haveria de ser. E no dia do resultado final das fases do concurso e da convocação para o curso de formação, acordei tarde e vi muitas mensagens nos meus aplicativos de mensagens. Conferi e estava aprovado! Deus me deu por fim esta vitória, em honra ao Seu nome e em honra à minha mãe, que descansava.
No dia da matrícula na ANP, cheguei cedo até demais. Fiquei desde 5h30min esperando entrar para matrícula (e já tinha gente). Não preciso dizer que ao entrar no espaço da ANP, comecei a chorar. Era um ciclo de dez anos que se encerrava ali.
Não tenho palavras para descrever o Curso de Formação. Em momento oportuno posso tirar mais dúvidas sobre isso em outro texto.
Mas o objetivo principal do texto é te dar um conselho: NUNCA DESISTA!
Atualmente (enquanto escrevo este texto) estamos passando por um momento conturbado na humanidade. Sem exageros, vemos a pandemia deste COVID-19 e estamos vendo nossos pilares da sociedade sendo discutidos; as relações interpessoais sendo postas em xeque e as prioridades de nossa vida sendo questionadas por nós mesmos. Sabemos que é um período em que a nuvem de uma crise econômica e financeira parece se aproximar. Mas e se você usar isso como desculpa para entrar na zona de conforto e não estudar? Não se deixe abalar por isso! Quem ousa, vence! Quem quer, corre atrás e não recua nunca. Já se perguntou o que aconteceria se por um dia você deixar de seguir seu sonho, deixar de estudar ou treinar? Será que isto vai ser fundamental na sua vida? Lógico que sim! Lembram-se quando falei que estudei na copa do mundo de 2018 e me sentia mal por não ter visto nenhum jogo? Um colega nessa época me convidou para ver o jogo num bar perto da sala de estudos que estávamos. Quase todos foram: só fiquei com mais dois colegas papirando na sala de estudos. Isso fez uma enorme diferença pra mim. Cada segundo contou.
Nunca, em hipótese nenhuma deixe que o ócio ou a conduta desidiosa façam parte de você. Todos que conheço que cursaram ou que ombreiam comigo tem no mínimo uma característica em comum: persistência… Isso conjugado com a disciplina na vida como um todo, não somente para estudar.
Agora responda a uma simples pergunta:
Quando sair o concurso que você deseja, você vai estar preparado, parceiro?
Atualmente, estou exercendo minha função de Agente de Polícia Federal no Pará, na delegacia de Redenção PF/RDO/PA e fico à disposição para sanar dúvidas.
APF Miranda.
Semper Fidelis.
P.S.: Dedico minha vitória a Deus, minha Mãe e ao meu cachorrinho Duque, que morreu com 17 anos dois dias antes de eu ir pra ANP. Viveu uma vida digna. Eu os amarei por toda minha vida.