MILAGRE DE UMA APROVAÇÃO
Essa história não começa com um cara que pediu demissão do emprego para estudar 8, 12 ou até mesmo 18 horas por dia, tampouco de um cara que estuda há 7 anos profissionalmente. Também não é uma história de uma pessoa com inteligência acima da média ou, como muitos falam, um “ponto fora da curva”. Essa é uma história simples de um pai de família, com 40 anos, esposa, dois filhos; empresário, vendedor, contador; filho, irmão de duas mulheres maravilhosas; tio, cunhado, enteado… Um cara comum com uma vida comum.
Meu nome é Fabrício e minha história de aprovação para o cargo de Agente de Polícia Federal começou antes mesmo que eu percebesse. Meus pais, de origem humilde, me ensinaram que a honestidade e a palavra do homem valem mais do que qualquer dinheiro no mundo. Minhas irmãs e eu crescemos em uma família muito religiosa e unida. Passamos por muitas dificuldades (normal de qualquer brasileiro), mas sempre preservamos o sorriso no rosto. Apesar de meu pai não ter estudos, ele era de uma sabedoria que poucos tinham. Foi o melhor vendedor que eu conheci. Fundou uma empresa de representação comercial em meados de 1988 e desde então essa empresa tem sido fonte de sustento de toda a família (www.granilam.com.br).
Com o falecimento do nosso pai em 2015, eu absorvi a responsabilidade de gerir a empresa e toda a família. Mas parecia que ainda estava faltando alguma coisa, talvez uma realização pessoal ou uma vontade de ser útil em algo maior.
Inexplicavelmente, em 2019 comecei a estudar para concurso. Sentia uma queimação no peito que não entendia: uma vontade incontrolável de aprender – literalmente uma sede de leitura. Foi então que um casal de amigos me apresentou o PROJETOS MISSÃO. Disseram-me que a Polícia Federal precisava de pessoas com o perfil semelhante ao meu, com experiência em contabilidade e disposição em ajudar ao próximo. Nasceu aí o meu foco na POLÍCIA FEDERAL.
Entrei para o PROJETOS MISSÃO e eles me ensinaram a organizar os estudos com técnicas de ciclos, método pomodoro, banco de questões com estatísticas individuais e, principalmente, a resolver simulados aproximando ao máximo as situações reais de prova. Também me adicionaram ao grupo do TELEGRAM com pessoas do Brasil inteiro e que possuem o mesmo foco: a aprovação. Fiz muitas amizades durante esse tempo, algumas das quais levarei para o resto da vida (SOBRAL, aquele abraço meu amigo).
Durante esse período em que dediquei aos estudos, precisei tomar algumas decisões. Uma delas foi a de aceitar a minha realidade: não tinha tempo disponível. Então, tive que me adaptar. Enquanto os concurseiros profissionais dedicavam as 24h do dia aos estudos, eu trabalhava na nossa empresa durante o dia e estudava apenas a noite. Muitas vezes chegava em casa cansado do trabalho, tirava um cochilo de 10 minutos e seguia estudando até a meia noite. Acordava às 05 no dia seguinte, partia para a academia, voltava, ajudava a esposa colocar as crianças para a escola e partia para o trabalho, começando tudo de novo.
Ninguém sabia dessa minha vida dupla, mas o segredo não ficou guardado por muito tempo. Minha família soube dos meus planos. Perguntavam o motivo de estar estudando tanto e eu só respondia “não sei… Quero pelo menos tentar”. Realmente eu não sabia o que responder, porque nem eu mesmo entendia o motivo. A minha única certeza era de que eu estava gostando de estudar e não conseguia mais parar. Deixei de sair com os amigos, churrasco, praia, viagem e tudo que continha “diversão” no contexto.
Meu ritual de estudos era o seguinte: chegava do trabalho por volta das 17:30h, tomava um banho, ficava um pouco com a esposa e os filhos e depois ela os ajudava com os deveres de casa. Enquanto isso eu partia para o meu “cafofo PAPA FOX” e rezava SEMPRE antes de cada noite de estudos. Pedia a DEUS para que Ele me desse a sabedoria necessária para aprender aquele assunto no meu curto espaço de tempo e que esse conhecimento fosse suficiente. Depois eu lia a bíblia e em seguida partia para os PDFs do ESTRATÉGIA CONCURSOS. Dormia a noite e acordava cedo para ir à academia. Lá eu colocava os fones de ouvido, ligava no celular e malhava ouvindo as aulas de direito. Voltava para casa, ajudava com o café da manhã das crianças e os levava para a escola. Durante o dia no trabalho, no trajeto das visitas entre um cliente e outro eu colocava as videoaulas no celular e estudava. Voltando para casa à noite eu revisava essas matérias do dia e produzia meus resumos. Os finais de semana eu aproveitava: os sábados eram para estudar estatística, contabilidade e informática; já os domingos eram para resolver simulados e fazer as correções. Durante algumas viagens de final de semana o ritual era o mesmo. Meus filhos adoravam assistir as aulas dos professores “doidões” explicando a LEI DE DROGAS, REDES DE COMPUTADORES, ESTATÍSTICA INFERENCIAL e tantas outras matérias.
Durante esse tempo de estudos acabei ficando cada vez mais íntimo de DEUS. Nas minhas orações eu sempre agradecia pela família que Ele me confiou e pedia para que eu não os decepcionasse. Eu queria servir de exemplo tanto para os meus filhos quanto para os meus sobrinhos, mostrando a eles que era possível fazer qualquer coisa, desde que tenhamos perseverança e fé. Costumava dizer que “poderia não ser o mais inteligente, mas com certeza estaria entre os mais dedicados”.
Mas confesso que em alguns momentos eu fraquejei. Foram várias vezes em que pensei em desistir. Eu pensava: “Por que eu estou estudando? Minha vida é estável, família formada, empresa própria e minha esposa passando por dificuldades para criar essas 2 crianças sozinhas enquanto eu fico em casa sentado estudando? Qual o motivo disso?” Lembro de um dia em que levantei da cadeira e estava indo conversar com ela para dizer que ia desistir dos estudos. Que não estava mais aguentando aquela vida e que realmente não sabia o motivo de tanta provação. Afinal, não tinha nem perspectiva de abrir um novo concurso para a PF. Mas aí eu parei, ajoelhei em frente ao cafofo e conversei com DEUS: “Senhor, eu preciso de uma palavra: me diz se é para eu continuar estudando ou se é para eu largar isso. Se o Senhor falar para eu parar, eu paro agora, mas eu preciso que o Senhor me mostre um caminho, por favor”. Terminei de orar, peguei a bíblia e abri em uma página aleatória. O versículo que eu li me deixou de boca calada, pasmo e pensativo: “Isto é uma ordem: sê firme e corajoso. Não te atemorizes, não tenhas medo, porque o Senhor está contigo em qualquer parte para onde fores”.” Josué 1 9. Essa foi a certeza que tive de que DEUS estava me preparando para alguma coisa que eu ainda não sabia o que era. Naquela mesma hora eu retornei à minha mesa de estudos e continuei.
As semanas foram passando e se transformando em meses e anos e tudo o que se tinha era a expectativa de abrir o concurso da PF. Quando saiu o edital foi aquela euforia. Até quem não estudava para concurso se inscreveu com esperança de aprovação. Sempre fui muito humilde nesse ponto e sabia que minhas chances de ser aprovado eram mínimas. Na verdade, tinha quase certeza de que eu não seria aprovado, mas pedia, pelo menos, que pudesse fazer uma boa prova.
Os 2 meses passaram voando e eu não consegui dar o gás final que precisava. Mas parece que até nisso DEUS pensou em mim: a prova foi adiada. Deram mais alguns meses de preparação. Eu estava muito ansioso para ver o final desse filme e já tinha decidido que independentemente do meu resultado esse seria o meu primeiro e último concurso. Não continuaria estudando depois desse, mesmo não sendo aprovado.
No final de semana marcado para a prova da PF teve aquela briga judicial para suspender novamente a prova. Essa briga chegou até o STF e nessa altura eu já acreditava que seria certo o adiamento. Mesmo assim foi a primeira e última vez que eu tirei uma tarde de folga do trabalho para estudar. No final dessa tarde veio a confirmação de que as provas seriam mantidas. Minha esposa e eu arrumamos minha mochila e no dia seguinte, no sábado, fui de Cachoeiro para Vila Vela e passei o dia todo estudando no quarto do hotel. Levei todo o meu material no carro, inclusive as anotações das paredes (sim, quase levei as paredes do meu “cafofo” na carroceria da caminhonete).
No domingo de prova, acordei cedo, tomei meu café e fui rezar. Era dia de Pentecostes (celebração do Espírito Santo de DEUS). Enquanto eu estava revisando LEGISLAÇÃO ESPECIAL, veio na minha cabeça uma visão. Pensei que na prova discursiva a banca CESPE poderia pedir algo do tipo: “Discorra sobre a Constituição”. Nessa visão eu lembrei das aulas de direito que eu assisti. Lembrei de Hans Kelsen, da atuação da Polícia Federal no policiamento de fronteira, lembrei também sobre a acolhida humanitária dos venezuelanos no Brasil. Pensei também que a PF era a responsável por garantir não só a ordem, mas também o cumprimento dos direitos humanos dessas pessoas. E mais algumas coisas nesse sentido. Fui para o local de prova, cheguei 1 hora mais cedo, dormi durante quase essa 1 hora debruçado sobre a carteira na sala de prova. Acordei e a examinadora foi entregando os cadernos de provas dos candidatos. Abri minha prova e fui direto para a discursiva. Quando eu li o assunto, olhei para cima e agradeci a DEUS novamente. Foi EXATAMENTE O MESMO ASSUNTO QUE EU PENSEI ANTES DA PROVA. Eu já tinha feito o rascunho mental antes mesmo de me sentar naquela cadeira.
Durante a prova objetiva passou um filme diante dos meus olhos. Lembrei da mensagem no Instagram que o PROJETOS MISSÃO colocou no dia anterior dizendo “faz o simples que dá certo”; pensei nos vários e vários simulados que fiz no terraço de casa; pensei também na minha família, nos meus filhos, meus amigos, se eles estariam orgulhosos de me ver chegando aonde cheguei; pensei também naquele casal de amigos que o marido passou no concurso de APF e me contou a história da aprovação dele. Enfim, fiz o que fui treinado para fazer: o simples. Parece que eu tinha gelo no sangue, nunca tinha deixado tantas questões sem resposta iguais àquela prova da PF. Mas estava confiante de que daria certo.
Fui o primeiro a entrar naquela sala e o último a sair. A examinadora estava em pé do meu lado quando acabou o tempo. Entreguei a folha de respostas e senti um peso de 1 tonelada sair das minhas costas. Foi um sentimento de felicidade com alívio. Saí do local de prova chorando muito, tanto que até perdi o caminho de volta para o hotel. Eu tinha gravado a missa de Pentecostes no celular e vim acompanhando durante a viagem de volta para Cachoeiro. No caminho, pensei em tudo aquilo que passamos e cheguei na conclusão de que se fosse preciso eu faria tudo de novo e do mesmo jeito. Foi um aprendizado que nunca imaginei que teria. Valeu a pena cada minuto dedicado aos estudos.
Quando cheguei em casa, abracei minha esposa, dei um peteleco na orelha dos meus filhos e fomos dormir abraçados. A minha prova eu nem olhei mais. Minha esposa ainda perguntou se eu iria conferir o gabarito e eu lembro que disse: “eu fiz o meu possível, agora entrego a DEUS a parte impossível pra Ele resolver”.
Na segunda foi difícil trabalhar. Aquele sentimento de ansiedade era angustiante. Eu, com ressaca de prova, e o SOBRAL atazanando minha cabeça: “e essa questão, marcou certo ou errado?”. A cada resposta era um “putz, perdi mais 2 pontos”. Realmente foi complicado.
Na terça, dia previsto para a divulgação do gabarito oficial, eu trabalhei quase normalmente. Quando o relógio marcou 17h eu não aguentei e fui para casa. Mas no caminho resolvi dar um pulo na igreja para conversar mais um pouco com DEUS. Levei o papel impresso com minha inscrição (10000488) e deixei na frente do Santíssimo. Ajoelhei e comecei a rezar: “Eu sei que o Senhor é o DEUS do tempo e que não existe passado, presente nem futuro para o Senhor. Então, volta a dois anos atrás, lá em 2019, e coloca no meu coração um sentimento para eu começar a estudar e me dá muita força para continuar e não desistir”. Nessa hora eu olhei para frente e vi um MILAGRE acontecer. Eu vi tudo o que eu passei durante esses 2 anos de estudo e enxerguei o porquê de eu ter começado a estudar: Eu mesmo que pedi para DEUS colocar esse sentimento em mim. Nessa hora eu senti o Espírito Santo de DEUS soprando em mim e pedi para que Ele voltasse 2 dias atrás, no domingo, e segurasse na minha mão para não me deixar marcar as questões erradas na prova e que me ajudasse na discursiva, porque eu não era muito bom em português. Depois disso, saí de lá e fui para casa.
Chegando em casa eu chamei a minha esposa e falei: “Amor, nós passamos no concurso da POLÍCIA FEDERAL”. Ela me perguntou se eu já tinha visto o resultado e eu disse que não, e expliquei o motivo. Logo em seguida, juntamos nós quatro, eu, Leidiana, Leonardo e Felipe – nossos filhos – e fomos conferir o gabarito oficial do CESPE. Passamos as respostas da minha prova para uma planilha de Excel, fiz as fórmulas para calcular a nota e ocultei as colunas. As crianças ajudaram a passar o gabarito oficial para a planilha. Quando terminamos eu reexibi as colunas e vi a nota: total de 82 pontos. Errei apenas 6 questões nessa prova. Naquela hora só pensamos em ajoelhar no chão para agradecer a DEUS pelo resultado.
Pode ser coincidência para uns, mas para mim só tem uma explicação: Tudo isso foi obra de DEUS. Hoje eu tenho a certeza de que se não fosse pelo PROJETOS MISSÃO eu não teria sido aprovado nesse concurso. Muito obrigado a toda equipe pelo trabalho e dedicação. Espero um dia poder conhecê-los pessoalmente e dar um abraço em cada um de vocês. Thiago Ferri, você que abriu as portas do MISSÃO para mim. Sem você também eu não teria chegado nem perto.
Quero deixar bem claro que por enquanto só fui aprovado na primeira fase, mas conseguimos ficar DENTRO DAS VAGAS, ou seja, não preciso torcer pela eliminação de nenhum outro guerreiro para que eu possa ser aprovado nesse concurso. Agora só depende de mim mesmo. Mas independente do que acontecer nas próximas fases eu gostaria que a minha história servisse como uma motivação para cada guerreiro ou guerreira. Saibam que se eu consegui ser aprovado, qualquer um também consegue.
Para finalizar deixo um conselho final para todos que tiveram paciência em conhecer a minha história: tenham fé e coloquem seus caminhos nas mãos de DEUS. Se esse for o objetivo DELE, quem somos nós para desistir, não é verdade? Então, engole o choro, coloca um sorriso nessa cara larga e segue em frente. Mesmo se tiver 1 vaga para 300 mil pessoas, se DEUS quiser que você passe, você vai passar.
Um grande abraço a todos e bons estudos!
Revisão final em frente ao local de prova – 23/05/2021
CAFOFO PAPA FOX
Transformei a penteadeira da minha esposa no meu canto de estudos.
Último simulado antes da prova da PF
Exatamente o versículo que li quando pensei em desistir
Correção ao vivo do simulado nacional MISSÃO – PF. Acabou a energia elétrica, mas era só um detalhe. Para quem quer, não existem barreiras.
Minha esposa LEIDIANA. Ela foi a grande responsável pela nossa aprovação. Sem ela, nada disso teria acontecido.
APF Bersácula