2017
Ninguém consegue viver de emoção todo dia. Basta ver o que acontece com os veteranos de guerras ou os Policiais Militares no Rio de Janeiro e São Paulo. Depressão, vício em drogas, vício em álcool e cigarro. Essa emoção de trocar tiro ou tensão de estar toda hora em um ambiente volátil e perigoso não é boa. A maioria não aguentaria.
Aqui na Polícia Federal há emoções fortes, como perseguir um assaltante ou, quem sabe, trocar tiros. E há emoções mais interessantes, que é quando você investiga e soluciona um caso depois de muito trabalho. Por mais que esse trabalho todo tenha sido feito dentro do escritório, com ar condicionado, usando somente os sistemas disponíveis.
Outro dia tive que ouvir um áudio de um inquérito e transcrevê-lo para o papel. O inquérito, por definição, é um processo escrito. Logo, o delegado mandou a ordem de missão: transcrever o CD do inquérito X. Aí vão me perguntar: porra, ordem de missão para isso? Sim. Ordem de missão pra tudo. E sempre com prazo, para ficar mais emocionante. Caso você queira mais emoção ainda, deixe para cumprir a Ordem de Missão no último dia. Sabendo que se atrasar pode tomar uma catracada do chefe ou um PAD (Processo Administrativo Disciplinar). Diz aí se não é emocionante?!?
Voltando ao foco. Tente transcrever o áudio de um CD que foi gravado com o barulho de uma britadeira ao fundo. Meu amigo, emocionante demais! Parece que o cara que está operando a britadeira adivinha a hora que o interlocutor, que está sendo gravado, vai falar algo importante e liga a barulheira bem na hora. E você passa e repassa essa parte do áudio até conseguir entender, ou não!
E desse tipo de emoção, vamos vivendo. Nem sempre dá para fazer, sempre aquilo que queremos. E lembre-se que as emoções fortes podem te matar. Talvez isso faça você querê-las com menos frequência.
Fonte: Saga Policial, por “APF do Norte”.