O que não faltam são textos motivacionais, frases de efeito e até livros sobre o assunto: cada um tem seu tempo certo para tudo.
No mundo dos concursos não é diferente – volta e meia a gente esbarra com o texto do aprovado aos 40 de idade, casado e com filhos, após mais de 10 anos de estudo, em contraste com o outro recém-formado e solteiro que passou aos 21 no concurso dos sonhos.
E eu vou bater na mesma tecla? Vou sim. Porque não me canso de repetir, e as pessoas não cansam de perguntar “quanto tempo preciso estudar para passar?”, mesmo com todos esses exemplos da vida real, muitos ainda acreditam que existe um tempo ideal de estudos que, se ultrapassado, certamente levará à aprovação.
Eu até entendo a curiosidade de quem vem perguntar há quanto tempo estudo, quanto tempo levei para passar no primeiro concurso, quantos anos eu tenho, quantas horas eu estudava por dia. Entendo porque uma vez, nos primórdios da minha jornada concurseira, eu também cheguei a fazer tais perguntas para outra pessoa.
Não demorei a perceber a “cilada” em que eu estava me metendo, ao testemunhar tanta gente, de todo canto do Brasil, ter “n” respostas diferentes para essas mesmas perguntas. Digo cilada, porque a partir do momento em que você obtém uma resposta “viável”, passa a estabelecer como objetivo para si mesmo.
“Se fulano, com aproximadamente as mesmas condições das minhas, conseguiu passar com um ano de estudo, então eu também conseguirei.” Essa é uma das piores atitudes que você pode tomar, quando fica se comparando com os outros.
Pouquíssimos são os que dispõem de mais de 4 horas diárias de estudo; outros, por opção ou falta dela, estudam em tempo integral. Muitas pessoas só decidem prestar concursos depois de casados, depois de estabelecidos em outra carreira, após ter filhos; outros, mal entraram na faculdade e já estão certos da escolha, começam a estudar cedo.
Certamente, muitos dos aprovados prestaram vários concursos e estudaram por muitos anos até passar. Existe, sim, aquele que passou no primeiro concurso com três meses de estudo. Cada história é diferente, e ninguém é mais ou menos merecedor que o outro.
Talvez seja mais produtivo se inspirar nas histórias daqueles que estudaram por 5, 10 ou 15 anos, com muitas reprovações na conta, não desistiram e um dia chegaram à tão sonhada aprovação.
Atente-se ao verbo: INSPIRAR-SE, e não COMPARAR-SE. Precisamos parar de pensar nos outros e focar no nosso próprio caminho.
Nós ainda não temos o poder de prever o futuro, cada concurso é uma história diferente, e na realidade não sabemos quando nossa hora irá chegar. Talvez a gente realmente não perceba a pressão desnecessária que colocamos em nós mesmos quando traçamos uma meta de tempo até a aprovação. Estamos tão acostumados com prazos e metas a cumprir, que dizer a si mesmo que irá passar com um ano de estudo chega a parecer saudável – mas não é.
Não se compare, não dê margem a ansiedade e frustração; pense no esforço que você está fazendo agora e terá sua resposta se está fazendo o suficiente.
Perguntas que devemos fazer: estou fazendo o meu melhor com o que tenho? Estou evoluindo? Estou tentando melhorar?
Faça o máximo que você pode, com o tempo e os recursos que você tem, que não precisará se preocupar com quanto tempo irá demorar para passar.
Fonte: Saga Policial, por Leilane Verga.